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Foto: TV Globo / João Miguel Júnior

Roberto Carlos, 80 anos: Novos livros mostram trajetória de ídolo popular e visão da crítica

19/04/2021

Um dos maiores nomes da música brasileira completa 80 anos nesta segunda (19) e o que não falta são celebrações para comemorar a vida de Roberto Carlos.

Três novos livros chegam ao mercado neste ano para contar a história do Rei de forma biográfica ou através de análises da crítica musical sobre sua carreira.

– “Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha”, de Jotabê Medeiros
– “Querem acabar comigo – Da Jovem Guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical”, de Tito Guedes
– “Roberto Carlos Outra Vez”, de Paulo César Araújo

Seguindo o Rei por 35 anos

A vida do Rei em pequenas histórias. É assim que Jotabê Medeiros mostra a trajetória do cantor de “Força Estranha” no livro “Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha”, lançado pela editora Todavia em livrarias e lojas virtuais.

O jornalista cobre a carreira de Roberto desde 1986 e participou de momentos importantes como o show em Jerusalém e o aniversário de 50 anos em Cachoeiro do Itapemirim.

“Não dá para criar um novo acidente fatal na vida dele, as coisas são mais ou menos conhecidas. Mas é evidente que, conforme você vai pesquisando, as histórias vão surgindo”.

Um exemplo são as negativas e dificuldades no começo da carreira.

“A gente acha que o Roberto nasceu virado para a lua, mas tem uma série de acontecimentos nessa fase da carreira de recusas, de percalços, de perrengues que a gente não conhece”.

“Procurei dar um pouco de ênfase nessas pequenas histórias, digamos assim, que ajudam a compreender a construção do mito”, explica Jotabê.

O jornalista também destaca um pedido que Roberto fez a Caetano em “Força Estranha”.

“Roberto gostou demais da música, mas teve um bloqueio em relação à expressão quando a música diz ‘Por isso essa força estranha’. Ele achava isso de um misticismo meio sombrio. Que força estranha?”, recorda.

“Ele pediu para o Caetano para colocar uma coisinha, uma intervenção na música. Ficou ‘Por isso essa força estranha no ar’, depois da intervenção dele. Acho que poucas pessoas sabem disso.”

São 512 páginas que dão conta da infância no Espírito Santo até as lives que Roberto fez durante a pandemia.

Oportunista, mestre, ultrapassado, rei…

De oportunista a mestre: esses foram alguns dos adjetivos usados para descrever Roberto Carlos na crítica musical desde os anos 60.

Quem percebeu como os jornalistas foram contraditórios, às vezes no mesmo texto, ao descrever Roberto Carlos, foi Tito Guedes no livro “Querem acabar comigo – Da Jovem Guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical”.

Ao longo de 144 páginas, o pesquisador analisa desde o começo na Jovem Guarda, no qual Roberto e os outros cantores tinham total desprezo por parte da crítica especializada.

Guedes destaca que o começo da mudança na análise em relação a Roberto acontece na virada dos anos 60 e 70, quando artistas e intelectuais respeitados, como Augusto de Campos, Caetano Veloso e Elis Regina, passaram a considerá-lo importante e defendê-lo publicamente.

“Ele se aproxima dos artistas da MPB, estreia um show no Canecão dirigido pelo Luiz Carlos Miele e pelo Ronaldo Bôscoli, só que, ao mesmo tempo, começa a fazer música romântica, e isso acaba fazendo com que ele fique associado à música brega”, diz Guedes.

“O Roberto passa a ocupar esse valor de prestígio, de destaque como outros da Jovem Guarda não tiveram, mas não é da mesma forma que um Chico Buarque, Tom Jobim e Elis Regina”, explica.

Para o pesquisador, é intrigante como Roberto mantém uma carreira constante há mais de 60 anos.

“Ele é um artista muito singular, único na história do Brasil. Ele é o rei de sucesso popular, de penetração no imaginário coletivo da década de 60 até hoje”, defende.

“Roberto tem uma coisa que nunca passou por um período de ostracismo assim, isso é muito difícil. Pode ter um período com menos sucesso na rádio, mas de esquecimento como a gente viu de vários artistas passarem, ele nunca teve”, conclui.

História através das músicas

Paulo César de Araújo tem uma longa história com Roberto Carlos, desde o lançamento do livro “Roberto Carlos em detalhes” em 2006.

A biografia foi retirada de circulação um ano depois, após um acordo entre o cantor e a editora Planeta, e motivou uma discussão nacional sobre autorização prévia para livros biográficos.

O jornalista também escreveu “O réu e o rei”, em 2014, e, agora, prepara o terceiro livro sobre o cantor: “Roberto Carlos outra vez”.

Depois de contar a história de forma linear, Paulo César escolheu destacar as canções para contar os bastidores e como elas são biográficas em relação à vida de Roberto.

O livro será dividido em dois volumes. O primeiro compreende o período de 1941 e 1970 e está previsto para chegar às lojas entre julho e agosto.

Já o segundo, deve ficar disponível no primeiro semestre de 2022, segundo a editora Record.

“Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha”
– Quando: 19 de abril
– Preço: R$ 84,90 (edição impressa)
– Autor: Jotabê Medeiros
– Editora: Todavia

“Querem acabar Comigo – Da Jovem Guarda ao Trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical”
– Quando: Já disponível
– Preço: R$ 42
– Autor: Tito Guedes
– Editora: Máquina de Livros

“Roberto Carlos Outra Vez” – Volume 1
– Quando: Pré-venda em abril; Previsão de chegada em julho ou agosto
– Autor: Paulo César de Araújo
– Preço: Não divulgado
– Editora: Record

Texto: Gabriela Sarmento/ G1

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