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Stones fazem o maior espetáculo da Terra

25/02/2016

Havia menos de um terço do público quando o Titãs subiu ao palco do Morumbi. As pancadas de chuva durante a tarde tinham temperado o trânsito paulistano nesta quarta-feira. São Paulo não perdoa nem em dia de show dos Stones.

Mas não importa. Já com a casa cheia, o quarteto inglês entrou 15 minutos depois do previsto com o duo “Start Me Up” e “It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)”, como já era esperado. Na verdade, eis o grande trunfo dos Rolling Stones: tudo já é esperado, mas é feito como se nunca tivesse acontecido antes. Pelo menos foi esse o efeito sobre o público ao ouvir, de cara, em sequência, dois dos maiores sucessos da banda.

Quem acompanhava o setlist da Olé Tour na América do Sul, inclusive no Rio, já sabia mais ou menos o que estaria por vir. Mas, de novo, isso não era o importante. Marmanjos de 20 a 60 anos pulavam como crianças enquanto moças entre 15 e 65 se esgoelavam como se aquilo fosse inédito. E provavelmente era. Há 18 anos a banda não pisava em São Paulo, fato lembrado por Jagger diversas vezes durante o espetáculo.

A força de uma banda teoricamente simples (um vocal, duas guitarras e uma bateria nada elaborada acompanhados de excelentes músicos de apoio) fica cada vez mais clara ao longo de duas horas e 15 minutos de show. Jagger não para. É tão absurdo que não deixa de ser clichê dizer que ele não aparenta seus 72 anos, assim como seus companheiros. Alternando cigarros, Ronnie Wood e Keith Richards dão seus shows à parte (veja, é realmente difícil chamar a atenção em um palco que tem Mick Jagger à frente) enquanto Charlie Watts (único a não trocar de roupa) faz seu papel com o raro, mas caricato, sorriso.

Richards, inclusive, pôde experimentar um pouco do típico carinho à brasileira. Depois de Jagger apresentar a banda, o guitarrista assumiu o vocal para duas músicas, mas não conseguia começar “You Got The Silver”. O motivo? O incessante grito “Olê, olê, olê, olê, Kifê, Kifê”. Dada a pronúncia, é improvável que o inglês tenha entendido, mas, em sinal de reverência, brincou: “Temos um show para fazer, pessoal”.

Não seria justo dizer que tudo foi igual à apresentação carioca do último sábado (22/02). Se no Rio teve “ Angie” e “Like A Rolling Stone” (de Dylan), em São Paulo rolou “Beast Of Burden” e “Happy”. Depois, o script se manteve: a sequência absurda de “Gimme Shelter”, “Brown Sugar”, “Sympathy For The Devil” e “Jumpin’ Jack Flash”. Tinha homem se ajoelhando e agradecendo quando Jagger, todo rebolador, chegava perto, em um dos extremos do palco.

O bis veio com mais duas músicas conhecidas até por quem despreza a existência da música pop nos últimos… 55 anos? “You Can’t Always Get What You Want” e “(I Can’t Get No) Satisfaction”. Ambas interpretadas de forma muito semelhantes às gravações originais. O Coral Sampa, formado por 24 jovens vozes, subiu ao palco só para cantar a primeira.

É como se o público conseguisse prever o próximo passo. Mas não importa. É claro que não. Depois de 18 anos, a cidade pôde presenciar um dos maiores espetáculos musicais da Terra.

Ao final, resta a sensação de que tudo é pequeno. Não importa o transtorno para chegar ao estádio, não importa se a música mais nova tocada tinha quase 20 anos e, menos ainda, se o setlist é previsível.  É só rock and roll. Mas não há sensação melhor.

Fonte: Billboard

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