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Vitor Kley, ‘O Sol’ e o pop praiano que se embrenha entre funk e sertanejo: ‘A galera está abrindo a mente’

18/07/2018

Criado a uma quadra do mar de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, Vitor Kley precisou se mudar para São Paulo. Agora, a praia mais próxima está a mais de 70 quilômetros e ele não tem tempo de surfar.

O garoto de 23 anos, nascido em Porto Alegre, mudou de vida por causa do sucesso de “O Sol”. Seu pop praiano com pitadas de reggae e rock aparece entre as dez músicas mais populares do Brasil no Spotify, no meio de um monte de funk e sertanejo.

Antes da música, ele fazia “uns três ou quatro” shows por mês. Hoje são cerca de dez.

“Está havendo uma mudança no cenário. O sertanejo e o funk, que são muito unidos, estão aí há tanto tempo que, talvez, a galera esteja começando a prestar atenção em coisas novas. Está abrindo a mente.”

Ele não está sozinho. Faixas do trio Melim, do cantor Gabriel Elias e do grupo Atitude 67 (mais voltado ao pagode) também crescem nas listas de mais ouvidas com mensagens “good vibe”, enquanto outros gêneros falam de sofrência e bumbum.

“Sempre estivemos em busca de mensagens positivas. São coisas saudáveis de ouvir. E também há a preocupação dos pais, de que seus filhos deem valor a coisas verdadeiras. Estava faltando [esse tipo de conteúdo]”, avalia Kley.

“Tudo é fase. Tem momentos em que a galera quer estar na ‘night’, tomar todas, e outros em que quer relaxar na praia.”

A filosofia e o estilo do cantor surfista chamaram a atenção do produtor Rick Bonadio, conhecido por lançar bandas como Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr. e por ajudar a popularizar o emo no Brasil. Kley, hoje contratado de sua gravadora, se refere a ele como “paizão”.

“Por ser um cara que descobriu tantos talentos, tenho certeza que Rick está vendo uma transição no cenário”, aposta. O produtor foi o responsável por intermediar a parceria de Kley com Bruno Martini em “Morena” – o DJ é conhecido por colaborar com Alok no hit “Hear me now”.

Antes de Bonadio, o mentor do cantor era outro: Armandinho, aquele de “Desenho de Deus”, fenômeno do reggae pop em 2004. Os dois se conheceram no surfe em Balneário Camboriú.

Na época com 15 anos, Kley tocava em botecos da cidade e mostrou uma de suas músicas, “Dois amores”, para o artista. “Naquele dia, fui na casa dele e tudo mudou. Acho que, talvez, ele tenha lembrado do início da própria carreira”, conta.

O jovem cantor passou a viajar em turnê com o amigo e fazer participações em seus shows. “Essa foi minha faculdade”, reflete. Armandinho chegou a produzir um álbum seu independente, “Luz a brilhar”, de 2012.

Vitor Kley começou a carreira ainda adolescente, ao lado do cantor de reggae Armandinho (Foto: Divulgação)

Kley compõe suas músicas. “O Sol” nasceu em 2016, pasmem, em frente ao mar. “Escrevi na casa dos meus pais, lá em Camboriú. Queria fazer algo simples, mas que estivesse presente no cotidiano das pessoas. Então peguei uma folha em branco, dessas que ficam na impressora, e comecei a escrever como se fosse uma carta. Foi muito rápido”. Ele segue:

“As pessoas perguntam se fiz ‘O Sol’ para uma menina ou para o Sol mesmo. Gosto que o público interprete.”

Felipe Dylon da nova geração?

A combinação de hit, sol, mar, surfe e cabelo de parafina leva muita gente a se referir ao cantor na internet como “Felipe Dylon da nova geração”. No início dos anos 2000, Dylon se tornou ídolo adolescente com repertório também ambientado na praia.

“Acho engraçado quando comparam, porque ele explodiu muito e, se estão falando isso, é porque ‘O Sol’ estourou mesmo”, diz Kley. “Musicalmente, acho nosso som bem diferente. A conexão é mesmo o surfe e o cabelo”, brinca.

E depois de “O Sol”? Kley diz não ter medo de virar cantor de um hit só e ainda não tem uma aspirante a sucessora. “O Sol ainda está brilhando.”

Uma boa candidata pode ser “Já era”, sobre um homem que se apaixona por uma garota de programa. Ele diz compor seu repertório com base em experiências pessoais, mas, no caso dessa… “Foi um grande amigo meu que viveu essa história. Quando falo isso, todo mundo desconfia: ‘Amigo, sei…’ Mas é verdade.”

Fonte: G1 Música

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